domingo, 26 de outubro de 2008

1808 - Como eles chegaram ao Brasil.




Vamos simbora.

Fazia um dia lindo de sol em Lisboa. Nas ruas, as mulheres com suas sombrinhas bem bordadas se protegiam daquele atípico sol europeu. Raparigas donzelas passavam apressadamente, cochichando com suas amigas. Até que lá pela rua D. Sebastião, nas proximidades do porto, um pequeno conglomerado ia se juntando a observar o Rei D. João VI esperando alguém que havia de chegar em pouco tempo. Olhos atentos, crianças e adultos observam com agitação e frenesi a presença da alta corte nas ruas de Lisboa, dividindo do mesmo clima, ar e vírus que correm pelas ruas.

D. João, aparentando uma certa apreensão, consultou o relógio, passou a mão na testa retirando algumas partículas de suor e informou ao empregado que a hora do almoço já chegara e o homem vindo da Inglaterra ainda não dava as caras.

- Ora, ora. Isto já tá me deixando estressado. Este barco que não chega.

Quando já pensava em sentar, lá vem chegando o tão barco esperado, vindo da Inglaterra, que trazia o homem com quem o Rei iria negociar o futuro da nação portuguesa. Feitos os cumprimentos, todos seguiram em destino do palácio imperial. Chegando lá, D. João foi logo sentando, puxando um jornal do dia e mostrando a manchete ao homem, que era o Embaixador inglês Lord Strangford.

- Veja a manchete dos jornais que circulam por toda Europa. Bloqueio Continental* fica mais forte e Napoleão amplia suas forças. Não tenho a mínima condição de me manter nesse jogo tenso entre negociações com a França, que não é nada maleável, e a tua Inglaterra, da qual necessito extremamente.

- Mantenha a calma. Creio que ele não fará nada de tão grave. O casamento, deu em que?
- Que casamento? - indagou D. João.
- De Pedro de Bragança com a senhorita parenta de Napoleão.
- De nada serviu. Estrategista, Napoleão percebeu logo. Ele quer ter pleno poder sobre a economia... E eu não aguento mais. Tenho pressão dos dois lados.

De repente fez-se um silêncio, os dois ficaram a observar os transeuntes e alguns empregados de D. João. Até que o Embaixador se inquietou com a pergunta sobre a colônia.

- E a colônia, aponta frutos de se manter bem nesta situação?
- Mais ou menos. Ainda temos grande conflitos de interesses lá dentro. Alguns movimentos liberais andam surgindo, principalmente no nordeste onde foi palco da maior força econômica nossa.
- Entendo... Olha aí, por que não vais para o Brasil enquanto Napoleão ainda continua com esta idéia maluca. Continuas negociando com Inglaterra de lá e deixas Portugal. Mas esse rompimento com o pacto é o perigo...
-E não é. Deixarei esta terra ser invadida por um louco e acabar com tudo? Não sei.
- É a única chance. Acredito que posso ficar, usar da força inglesa e depois nós veremos como vai dar. Contra a Inglaterra ele não pode, e já se viu esse filme outras vezes*.
- É isso que vou fazer.

E foi assim que D. João VI, preocupado e morrendo de medo de uma investida do exército francês, resolveu partir para o Brasil, deslocando toda a corte para o continente americano. Enquanto o Brasil conhecia pela primeira vez, em dois séculos de colonização, como é um centro administrativo, Portugal era conquistado e quebrado por Napoleão. O ato em si da vinda dos portugueses só contou ponto ao Brasil, porém boa parte da população lusitana aderiu a uma idéia liberal, estourando em 1821 com a revolução de Porto.

Com o acordo fechado com a Inglaterra, D. João resolve vir ao Brasil. Anuncia dentro do palácio que vai levar algumas pessoas neste viagem emergencial para salvar a soberania portuguesa e a própria economia inglesa. Cerca de 13 mil pessoas em dez navios, protegidos por barcos de guarda ingleses, atravessaram o Atlântico. O motivo da proteção inglesa às embarcações é a possível ameaça de navios franceses intervirem no translado. Essa insegurança gerou tumultos na hora do embarque: muitos rejeitaram a hipótese e ficaram, outras pessoas que queriam vir ao Brasil acabaram não vindo. A viagem foi marcada por muita apreensão e medo. Uma tempestade caía quando eles se aproximavam do litoral brasileiro. Com um forte vento e ondas constantes e altas, a frota ficou dividida e o navio que trazia D. João acabou indo parar no litoral Baiano. A outra parte bateu direto no Rio de Janeiro.

No próximo post, D. João já no Brasil e um pouco de sua Biografia.

* O Bloqueio Continental foi uma medida do Imperador francês Napoleão Bonaparte visando vencer a poderosa Inglaterra, que detinha um grande frota marítima. Como a França tinha um exército Imbatível, e ficou presa com a Inglaterra, Napoleão resolveu quebrar a Inglaterra pela a economia, proibindo os países de comercializar com ela. Quem rompesse o pacto teria o território invadido e seria massacrado pelo exercito de Napoleão. Portugal foi o primeiro a romper com Pacto, e como conseqüencia temos a chegada de D. João ao Brasil.

Pra começar

Vamos simbora.

Estou entrando em mais uma aventura nesse mundo virtual. A diferença é que, dessa vez, os textos são mais direcionados, ou seja, o blog é mais temático. Por que história? Ora, sou fanático por história, vou cursar história e nada melhor do que debater a dita cuja com os amigos, parceiros e desconhecidos.Vamos criar um verbo chamado Historiar: daí estaremos historiando o mundo.Eis a função deste blog: unir os frutos das pesquisas com o debate importantíssimo dos leitores e dar um tempero histórico nos fatos da atualidade. Então, amigos, vamos historiar. O meu nome é Afonso Bezerra, tenho 15 anos e sou estudante do ensino médio - o que não reduz minha capacidade de raciocinar a história do mundo. Sou defensor da tese de que história só se faz com debates. Prender o conhecimento não muda nada, por isso que criei este espaço, que servirá de elo entre todos nós para fazermos uma grande conversa em torno dos assuntos que nos cercam todos os dias com o olhar da história. Como assim?
A crise econômica que o mercado imobiliário mais uma vez fez questão de colocar em prática é um grande exemplo de analisar o presente com um pé no passado. Quem lembra do crack de 1929? Pois é, aquela e velha crise, que se iniciou também no mercado imobiliário de Nova York, quebrando a economia brasileira de jeito, tem sua grande semelhança com a atual. Por isso a importância de debater a história para criticar o presente.
Isso aqui é só uma introdução de todo debate que será construído a respeito de vários temas que formam a história. Dispenso seguir uma regra didática, postando os textos conforme os conteúdos. Não, vamos abraçar a história nas suas três vertentes: política, economia e sociedade. A abordagem será bem ampla.
Espero que todos gostem deste blog, principalmente os interessados em história. E outra coisa, vou entrar em contato com profissionais da área para entrevistas e muito mais.

Vamos historiar bastante.

A vocês, Boa historiada!!
 
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