
O cenário cubano com Fidel no governo
Afonso Bezerra
Durante seis anos, desde o ataque ao quartel de Moncada no ano de 1953, Fidel Castro foi juntando forças para travar uma luta contra o governo de Fulgêncio Batista. Após ser anistiado, e viajando pelo México, Fidel conheceu Ernesto Che Guevara. Junto com Che, seu irmão Raúl Castro e outros camaradas, Fidel organizou a estratégia de ataque á Havana, o que resultaria na etapa final da Revolução Cubana. Utilizando-se de rádio para se comunicar com o povo Cubano, Fidel conseguiu espalhar o sentimento de romper com o sistema ao mesmo tempo com que avisava ao governo que a Revolução estava chegando.
Com a renúncia de Batista no dia 1° de Janeiro, a Ilha passou a ser governada por um novo homem e por uma nova concepção de estrutura política. A esperança encontrou abrigo no mar tropical da Ilha do Caribe. Durante todo o processo de vinda á Cuba, Fidel e Che, junto com Raúl, não encontraram facilidade. Sofreram perseguições e travaram conflitos pesados. E por onde passavam deixavam a mensagem de que aquela missão era pra reconstruir Cuba. No projeto político da Revolução tinha um Reforma Agrária digna de por fim a exploração no campo; uma organização no meio social urbano que, a partir das máfias e do segundo golpe de Batista, cresceu assustadoramente.
Segundo números de órgãos de pesquisa cubanos, quando Castro assumiu, em 1959, Cuba tinha mais de 1/3 da população analfabeta e 20 mil mulheres na prostituição. O paraíso dos cassinos, dos bares, das belas praias era mais uma maquiagem da crua realidade cubana. Quando os revolucionários assumiram o governo, uma mudança radical apontava na esquina, e a classe burguesa de Cuba sabia que não teria mais o privilégio que tivera em outros tempos. Fidel, sabendo que existiria pressão dessa parte, antecipou: quem não quer mudar Cuba, saia.
Muitos dizem que Fidel Castro junto com Che organizou uma revolução socialista. Mas, na verdade, eles se denominaram marxista-leninista um ano depois, ao selar um acordo econômico com União Soviética, representante do comunismo internacional. Essa aliança política foi o estopim para que os EUA financiassem ditaduras militares na América Latina – uma delas aqui no Brasil (1964/1985) – no plano de combate a ameaça comunista e realizar o embargo econômico á Ilha, isolando-a do resto do mundo. Após o fim da URSS, Cuba sobrou na história como o último país a sustentar o socialismo no mundo.
Enquanto contava com o apoio da União Soviética, Fidel deu um salto na política social cubana, revitalizando grandes hospitais, investindo num sistema de prevenção de doenças populares e aumentando o incentivo da ida á escola, reduzindo o número de analfabetos. Com isso, reduziu o número de mulheres e homens trabalhando à margem da sociedade. Contudo, após perder um forte aliado que foi a URSS, Cuba enfrentou graves problemas econômicos. Em virtude do embargo, o “desenvolvimento” não chegou à ilha. Circulam nas ruas de Havana ainda os antigos carros da década de 50; não existe aparelho de celular, um mundo fechado na Globalização. Mas o que muitos historiadores questionam é se realmente importa o desenvolvimento do mundo globalizado aos cubanos, uma vez que as necessidades essenciais existem e em ótima qualidade
Em muitos países onde tem celular e computador há mendigos, moradores de rua, hospitais públicos em péssimas qualidades, diferentemente de Cuba, que é um país subdesenvolvido, que não tem celular e computador, carros importados e potentes, mas, em contrapartida, é considerado o melhor centro médico do mundo, um índice de pobreza mínimo sem indícios de moradores de rua e com uma educação de qualidade. Nesse aspecto fica complicado defender Cuba sem morar na ilha. Mas o que é bem verdade é que as críticas construídas sobre Cuba vieram do ponto de vista político, apenas.