sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

CUBA – 50 ANOS DO TRIUNFO SOCIALISTA


                       

 O cenário cubano com Fidel no governo



Afonso Bezerra


Durante seis anos, desde o ataque ao quartel de Moncada no ano de 1953, Fidel Castro foi juntando forças para travar uma luta contra o governo de Fulgêncio Batista. Após ser anistiado, e viajando pelo México, Fidel conheceu Ernesto Che Guevara. Junto com Che, seu irmão Raúl Castro e outros camaradas, Fidel organizou a estratégia de ataque á Havana, o que resultaria na etapa final da Revolução Cubana. Utilizando-se de rádio para se comunicar com o povo Cubano, Fidel conseguiu espalhar o sentimento de romper com o sistema ao mesmo tempo com que avisava ao governo que a Revolução estava chegando.

Com a renúncia de Batista no dia 1° de Janeiro, a Ilha passou a ser governada por um novo homem e por uma nova concepção de estrutura política. A esperança encontrou abrigo no mar tropical da Ilha do Caribe.  Durante todo o processo de vinda á Cuba, Fidel e Che, junto com Raúl, não encontraram facilidade. Sofreram perseguições e travaram conflitos pesados. E por onde passavam deixavam a mensagem de que aquela missão era pra reconstruir Cuba. No projeto político da Revolução tinha um Reforma Agrária digna de por fim a exploração no campo; uma organização no meio social urbano que, a partir das máfias e do segundo golpe de Batista, cresceu assustadoramente.

Segundo números de órgãos de pesquisa cubanos, quando Castro assumiu, em 1959, Cuba tinha mais de 1/3 da população analfabeta e 20 mil mulheres na prostituição. O paraíso dos cassinos, dos bares, das belas praias era mais uma maquiagem da crua realidade cubana. Quando os revolucionários assumiram o governo, uma mudança radical apontava na esquina, e a classe burguesa de Cuba sabia que não teria mais o privilégio que tivera em outros tempos. Fidel, sabendo que existiria pressão dessa parte, antecipou: quem não quer mudar Cuba, saia.

Muitos dizem que Fidel Castro junto com Che organizou uma revolução socialista. Mas, na verdade, eles se denominaram marxista-leninista um ano depois, ao selar um acordo econômico com União Soviética, representante do comunismo internacional. Essa aliança política foi o estopim para que os EUA financiassem ditaduras militares na América Latina – uma delas aqui no Brasil (1964/1985) – no plano de combate a ameaça comunista e realizar o embargo econômico á Ilha, isolando-a do resto do mundo. Após o fim da URSS, Cuba sobrou na história como o último país a sustentar o socialismo no mundo.

Enquanto contava com o apoio da União Soviética, Fidel deu um salto na política social cubana, revitalizando grandes hospitais, investindo num sistema de prevenção de doenças populares e aumentando o incentivo da ida á escola, reduzindo o número de analfabetos. Com isso, reduziu o número de mulheres e homens trabalhando à margem da sociedade. Contudo, após perder um forte aliado que foi a URSS, Cuba enfrentou graves problemas econômicos. Em virtude do embargo, o “desenvolvimento” não chegou à ilha. Circulam nas ruas de Havana ainda os antigos carros da década de 50; não existe aparelho de celular, um mundo fechado na Globalização. Mas o que muitos historiadores questionam é se realmente importa o desenvolvimento do mundo globalizado aos cubanos, uma vez que as necessidades essenciais existem e em ótima qualidade

Em muitos países onde tem celular e computador há mendigos, moradores de rua, hospitais públicos em péssimas qualidades, diferentemente de Cuba, que é um país subdesenvolvido, que não tem celular e computador, carros importados e potentes, mas, em contrapartida, é considerado o melhor centro médico do mundo, um índice de pobreza mínimo sem indícios de moradores de rua e com uma educação de qualidade. Nesse aspecto fica complicado defender Cuba sem morar na ilha. Mas o que é bem verdade é que as críticas construídas sobre Cuba vieram do ponto de vista político, apenas.

 

 

5 comentários:

Carol Luz disse...

Sinceramente? Já considero Cuba um país forte o suficiente apenas por conseguir manter seus ideais até hoje. É mais do que muita gente já fez.

Albino Dantas disse...

Ótimo texto Afonso! Acredito, sinceramente, que Cuba é uma das grandes caixas pretas do século XX. Ironicamente, La Revolución rende seus frutos até hoje. No caderno de Turismo do Jornal do Commércio de hoje há uma reportagem consideravelmente grande falando sobre os cenários da Revolução de 1959. Àqueles que são fãs do turismo histórico, nada melhor. De fato a Ilha passará por fortes mudanças, creio eu, graças a São Barack Obama. O que devemos nos questionar é até que ponto tais mudanças preservarão 'la manera cubana de vivir'. Como você bem ressaltou no texto e me apoiando no comentário anterior feito por Carol (bastante pertinente por sinal), Cuba tem em seus alicerces um ideal político bastante presente. Cuba é, antes de tudo, aquilo que Fidel quis que ela fosse. Não é a toa que Fidel passou 49 dos 50 anos no poder. Digno de um monarca...

Por Afonso Bezerra disse...

Carol e Albino, antes de mais nada, fico grato em saber que vocês estão acompanhando o Atos e Fatos.

Bem, eu iniciei o primeiro texto dizendo que argumentar em defesa do socialismo em Cuba é uma tarefa árdua, por dois motivos: durante os 50 anos após a revolução, Cuba passou 49 com o governo de Fidel. Dentro de um contexto político e ideológico, a população não se diz socialista ou comunista, e sim Fidelista, e isso fragiliza o desenvolvimento de um sistema político, porque você passa a acreditar no homem - sujeito a erros- e não na idéia, que se perpetuará.

Quanto a posição de Carol em relação a sustentabilidade do socialismo em Cuba, acho que, após a Abdicação de Castro, haverá uma reformulação do governo em Cuba. Isso servirá de mote para os críticos do modo de vida cubano - vejam, depois de meio século reconheceram os erros - e de fio condutor para discursos acalorados de uns esquerdistas à flor da pele, gritando "são todos reformistas".

O futuro de Cuba é uma concepção de um governo aparelhado por uma democracia maquiada e, como sempre em toda história da Ilha, de dependência econômica internacional.Quem sabe se sem o embargo americano?
Cabe ao futuro nos responder.

Albino Dantas disse...

Há que ser ver também Afonso, que a tentativa de preservação da linha castrista de Cuba foi feita pela nomeação de Raúl Castro para o cargo ocupado antes por Fidel. Raúl, apesar de ser o fundador da polícia secreta Cubana (sim, essa é secreta mesmo. A gente nem ouve falar dela)responsável pela detecção, entre outras coisas, da invasão à Baía de Cochinos (dos Porcos), praticamente é inexpressivo no cenário mundial. Fidel tem um carisma inacreditável na ilha e fora dela. Há, de fato, já uma dissolução desse ideal fidelista (ou, numa evolução, castrista - já englobando Raúl)mas não acredito em um enfraquecimento. Até mesmo porque o ganho social dentro de Cuba, apesar dos pesares, é inegável.

De qualquer forma, vamo esperar pra ver o que Sassá Mutema (Barack Obama) vai fazer.

Mahara disse...

Olá a todos!

Bem tudo começa assim;a globalização acabou por ser uma necessidade para defender particulamete intresses sociais,e explicitamente pliticos.Cuba soube fazer o seu papel e agir como deveria ter agido, na pele de pais subecarregado(..).
o que acontece é que o facto de ter as caracteristas mencionadas pelo orador, não me admira a inveja por parete dos PD´s, em querer ter uma sociedade globalizada,e ao mesmo tempo ausente da pobreza ou otros problemas relacionados com a criminalização. A questão é: Como desenvolver 2 em 1?? O q cuba faz é cuidar do povo, e como sabemos para tudo tem um preço, ao qual todos nos sabemos as consequencias!Quando o estado cair no "bizarro"erro e inocente de aceitar a globalização,no meu parcer heverá 2 consequÊncias q me parecem importantes mencionar:
- fim do lançamento do "gás lacrimogénio" á parede politica(...)
- Abandono abusivo da sociedade que até então era uma particularidade(..)


Por hoje é tudo

Mahara! (Portunhola)

 
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