segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

A trajetória do Movimento Estudantil no Brasil


O caminho traçado pelos estudantes em quase dois séculos de luta e as influências do Movimento Estudantil, como Teorias Iluministas, Woodstock e Revolução Cubana, que sacudiram as Universidades.Uma viagem na história do ME e a sua "cara" na atualidade.


Afonso Bezerra 


Ainda existe o Movimento Estudantil? Essa pergunta permanece no imaginário de todo cidadão brasileiro quando ele vê nas telas da TV ou na internet alguma notícia sobre protestos envolvendo estudantes e o estado brasileiro. A imagem que se destaca na lembrança é a da grande movimentação de resistência em 1968, durante o endurecimento do Regime Militar, mas a história de luta dos estudantes é longa e, às vezes, nem muito branda. O  caminho seguido pelos estudantes foi muito longo e cheio de oscilações: vivia naquela linha que divide um movimento combativo e uma atuação pelega. Das primeiras influencias e ações no século XVIII até os dias atuais, os estudantes têm o mesmo papel dentro da sociedade: ser a vanguarda da luta social.  

A existência é de longas datas. No final do século XVIII, jovens da alta classe brasileira retornavam ao país, depois de um bom tempo de faculdade na Europa, querendo por em prática as teorias dos famosos livros do século das luzes. As bases teóricas que esses jovens depositam num Brasil ainda agrário e colônia transformam, embora que em pequena proporção, a realidade brasileira. A proporção é menor devido aos interesses da elite, que adaptavam as idéias libertárias européias ao seu modo de vida aqui no Brasil.  Da participação na Inconfidência Mineira, passando pela luta republicana e a favor da abolição da escravatura, até a formação da UNE durante o governo Vargas, a luta foi permanente e ofensiva contra as atrocidades do estado cometidas contra a população e a comunidade acadêmica.

A UNE – União Nacional dos Estudantes - foi criada no ano de 1937 e foi considerada a entidade de maior  representatividade do meio estudantil, porém ficou em águas mornas durante um bom tempo, devido à repressão do governo Vargas. Naquela época os movimentos sociais estavam desligados por conta da repressão ou estavam na “baia da saia” do governo, recebendo dinheiro em troca do silêncio. Com a influência dos comunistas, liderados por Luís Carlos prestes com a fundação do PCB em 1922, as chamas combativas reacenderam nas faculdades, agitando quem queria um Brasil melhor que aquele. Sempre em busca do progresso e do desenvolvimento, faz-se a marca da tropa de choque da revolução social brasileira.

Sempre presentes nas transformações políticas e sociais, o ME foi, em algumas épocas, carro chefe das mudanças no país. Após o Golpe de 1964, as entidades estudantis, puxadas pela UNE, foram mais que importantes para criar uma oposição construtiva e determinada na luta por liberdade. Mas, como qualquer movimentação política tem sua inspiração, o ME tinha a sua. Naqueles ares pós-64, liberdade era uma palavra fora do dicionário, porém muito aspirada por quem queria um Brasil nos trilhos do progresso. É bem verdade que a década de 60 foi um período onde a política internacional vivenciou a angustia americana na Guerra do Vietnã e vários movimentos surgiram contra a situação imposta pelos EUA.

Grandes revoluções  influenciaram a revolução brasileira durante o Regime Militar. Cinco anos atrás tivemos a Revolução Cubana, liderada por Fidel Castro e Enersto Che Guevara. Uma luta travada nos moldes militares, trazendo como essencial posição revolucionária a disciplina. O sucesso da luta de Che e Fidel contra o regime de Fulgêncio, que era um fantoche americano, exaltou a juventude brasileira, que tinha a luta em Cuba como exemplo de exaltação e combate. Depois de longos, cansativos e infrutíferos cinco anos em conflito no Vietnã, os EUA viram surgir um movimento de contracultura, o famoso Woodstock. No ano de 1969, meio milhão de pessoas insatisfeitas com a crise do sistema, aderia à idéia do Fugere Urben e partia para o campo cantar “Faça amor, não faça guerra.”, em oposição às atitudes americanas.  

 

A disciplina e rigidez de Cuba junto com a transcendência da liberdade em Woodstock foram ingredientes fortes para o prato da revolução brasileira. A França com seus estudantes também teve papel importante na luta aqui no Brasil. Romper com os Militares virou a ordem do dia e votar era o sonho de cada jovem. Em 1984, a UNE com o PCdoB e o PT – à época partidos de esquerda – foram às ruas lutar por Diretas Já. E conseguiram, embora que sofrendo algumas restrições e redundâncias.  Em 1992 ganham destaque no engodo, comandado pela Globo, dos chamados caras pintadas para tirar Collor do governo. Na luta por acabar com a corrupção no governo brasileiro, os estudantes pintaram a cara de verde e amarelo e pediram o Fora, Collor. Esse movimento marcou o inicio da modernidade do ME.

No apagar das luzes do governo Liberal de FHC e caminhando para a primeira eleição de Lula – depois de três tentativas – a UNE realizou seu objetivo de lutas, nos quase 40 anos de militância. E é justamente por isso que muita gente acredita que o ME não existe mais: pela falta de combatividade e da inerência ás medidas do governo Lula, que não correspondem aos anseios antigos e comandados pela UNE. Hoje, o que marca luta estudantil é a briga pela não aprovação do REUNI, que é um decreto do Governo Federal que abre as portas das Universidades, ampliando o número de Vagas sem qualidade de ensino. O REUNI, hoje, é detentor de muita controvérsia.  Mesmo sem tanta iluminação combativa, agindo à surdina revolucionária, o ME permanece atento as mudanças e cria suas ramificações, rompendo com a  UNE, que não é mais a mesma.

 


3 comentários:

Anônimo disse...

a UJS é a grande reponsável pelo obscurantismo da UNE, já que há 18 anos eles não largam do poder.,..
que, por coincidência, quem diria, são os piores anos do movimento estudantil...

Anônimo disse...

ótimo texto!

Anônimo disse...

arnesme ajudou bastante no trabalho da professora conceição , professora de historia da escola municipal professor pedro guerra bh mg mantiqueira revolução cubana nao tem nada a ver mais ta bom *-*
!

 
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